Pedidos de demissão de médicos obstetras expõem crise em hospital de Caçapava do Sul

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Não é a primeira vez que o hospital lida com problemas envolvendo o setor. Em junho, a instituição foi alvo de apurações do Ministério Público (MP) após uma série de denúncias sobre violência obstétrica terem sido feitas contra o corpo obstétrico. O Diário de Santa Maria entrou em contato com o MP e guarda informações sobre o andamento do processo.

O que diz o Simers

Em entrevista ao Diário, o presidente do Simers, Marcos Rovinski, comenta que a repercussão das denúncias de violência obstétrica teria sido um dos fatores que levou o sindicato a apurar as condições de trabalho dos profissionais e consequentemente, encontrar possíveis irregularidades.

–Nós fomos espontaneamente procurá-los e chegamos a verificação de que eles recebiam menos de 50% da menor remuneração do Estado. Eles tinham uma má condição de trabalho, vários problemas como falta de insumos e, mesmo assim, estavam lá trabalhando. Esses médicos foram atacados, de certa forma, por aqueles agentes e não tiveram nenhuma defesa. Trabalhando em más condições, com má remuneração e sendo atacados pela comunidade, eles decidiram que não trabalhariam mais naquelas condições e o sindicato fez a defesa – explica Rovinski.

Conforme Rovinski, a remuneração dos médicos seria de R$ 30 a R$ 40 por hora trabalhada. Em determinadas situações, os profissionais já teriam trabalhado sem insumos ou sem o auxílio de outros médicos como pediatra e anestesista no centro obstétrico. Perante o cenário, Rovinski relata que reuniões passaram a ser realizadas entre o hospital e o sindicato, sendo acertado o reajuste no valor-hora e outros pontos:

– O hospital se propos a fazer o pagamento dos atrasos e pode ser surpreendente, mas os médicos trabalhavam sem contrato formal. Era um contrato verbal, de boca. Então, nós estamos intimando agora para que haja um contrato formal de trabalho.

A data em que os avisos prévios dos médicos foram entregues ao Hospital de Caridade Dr. Victor Lang não foi informado por Rovinski.

O que diz a direção do Hospital de Caridade Dr. Victor Lang 

Ao Diário, o presidente do Hospital de Caridade Dr. Victor Lang, Florenço Marcelino Monego Junior, comenta que a expectativa é de continuidade dos serviços, a partir das negociações com o Simers. Ele ressalta que o hospital está empenhado no atendimento às reivindicações dos cinco médicos, desde o primeiro momento que recebeu as notificações.

–O recado que temos à população caçapavana é que confiem na Direção do Hospital, que nunca deixou os usuários do Hospital sem atendimento – afirma o gestor.

Em 2022, 162 partos foram realizados no hospital, que é referência de maternidade de média complexidade para Caçapava do Sul e Lavras do Sul. Na manhã desta quinta-feira (15), a direção do Hospital de Caridade Dr. Victor Lang emitiu uma nota sobre o assunto. Leia na íntegra:

“Através deste expressamos a V.Sas. nossa surpresa com o texto enviado pelo SIMERS aos meios de comunicação, tendo em vista que o conteúdo do mesmo é igual ao apresentado por esse Sindicato ao nosso Hospital no início das negociações. Tal texto contém inverdades, que foram esclarecidas verbalmente em reunião “on line” e por escrito através de ofício, a respeito da falta de suporte anestésico e pediátrico e, também, a respeito de falta de insumos.

Quanto aos atrasos de repasses de honorários do SUS (AIHs), que ocorreram em conseqüência do imenso desgaste financeiro causado pela Pandemia do Corona Vírus – COVID-19, já estão sendo pagos, até mesmo antes do prazo estabelecido na negociação. Ainda restam e sendo resolvidos os pedidos que não dependem apenas do Hospital e sim do Poder Público, sendo que está agendada para esta quinta-feira, dia 15, reunião com as Prefeituras de Caçapava do Sul e Lavras do Sul, esse Sindicato e esta instituição.

Ratificamos a V.Sas. que o ambiente de trabalho dos 5 médicos que procuraram esse Sindicato integra uma das melhores Maternidades da Região, oferecendo excelentes condições para o desenvolvimento de suas atividades, com o apoio técnico de um grupo de enfermeiras muito bem qualificadas. Portanto, essa publicação nos meios de comunicação de uma nota que não corresponde à realidade, serve apenas para gerar insegurança na comunidade usuária e macular a imagem deste que é o único Hospital da cidade, que se esforça ao máximo para manter suas portas abertas e que nunca deixou um único enfermo sem atendimento.

Por fim, esclarecemos ainda que o Hospital considera o seu Corpo Clínico como parceiro do Conselho de Administração, que com coragem e abnegação trabalha diuturnamente de forma voluntária, na luta diária para manter seus serviços”.

Reunião

Ao contrário das oportunidades anteriores, uma reunião entre o hospital e o sindicato deve ocorrer a partir das 15h30min desta quinta-feira (15), com a presença dos prefeitos dos municípios de Caçapava do Sul, Giovani Amestoy da Silva (PDT) e de Lavras do Sul, Sávio Johnston Prestes (PDT).

Arianne Lima – [email protected]

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